O que é cateterismo vesical?

O cateterismo vesical é um procedimento invasivo no qual é introduzido um cateter através da uretra com finalidade de drenagem de urina com finalidade de realizar exames ou controle da diurese.


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    Objetivos

    O cateterismo vesical tem os seguintes objetivos:

    • Controlar a incontinência urinária (discutível);
    • Aliviar retenção urinária;
    • Realizar avaliação do débito urinário;
    • Medir volume residual;
    • Promover a restrição pós-operatória (paciente que não tem possibilidade de se locomover até o banheiro);
    • Coletar amostras de urina para exames;
    • Irrigação da bexiga;
    • Instilação de medicamentos e;
    • Cirurgias urológicas.

    Quais são os tipos de cateterismo vesical?

    Existem três tipos de cateterismo vesical, a saber:

    1. Sistema Aberto – Intermitente ou alívio;
    2. Sistema Fechado – Sondagem vesical de demora;
    3. Via Suprapúbica.

    Materiais necessários

    Você irá precisar reunir os seguintes itens:

    • Pacote de cateterismo vesical que contém: 1 cuba-redonda, 1 cuba-rim, 1 pinça cheron, gazes, 1 campo fenestrado e 1 ampola de água destilada;
    • 2 Seringas de 10 ml;
    • Pulvodine tópico;
    • Lubrificante estéril;
    • Sistema de drenagem fechado (Caso seja cateterismo vesical de demora);
    • Micropore ou esparadrapo;
    • 1 par de luvas estéril;
    • Sonda Folley ou uretrovesical simples;
    • 1 pacote de compressas;
    • Biombo.

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    Etapas do Cateterismo

    A bexiga por ser um ambiente isento de micro-organismos (estéril) e o cateterismo vesical por ser invasivo, faz-se necessário que todo o material seja esterilizado e manuseado de acordo com a técnica asséptica. O profissional de enfermagem deve se atentar para que garanta segurança, privacidade e conforto ao paciente.

    Bem vamos ás etapas da técnica:

    1 – Tricotomia

    A primeira etapa é a tricotomia.

    Deve-se retirar os pêlos da região pubiana e genital de modo que permita a adequada fixação da sonda e do pênis através de esparadrapo no abdome, se o paciente for do sexo masculino.

    Se não for realizada a tricotomia, a sonda não será fixada adequadamente no abdome. O peso da sonda e do coletor irá provocar uma tração podendo resultar em estenose uretral (inflamação que causa estreitamento da uretra), fístulas e divertículos.

    No paciente do sexo feminino, avaliar a necessidade da raspagem dos pêlos.

    2 – Adoção de Assepsia

    Calçar luvas estéreis de acordo com técnica tem a função de evitar a instalação de agentes patogênicos no organismo. É Importante que a mão que foi utilizada para tocar os genitais, não toque a sonda;

    3 – Antissepsia

    Deve-se utilizar a clorhexidina base de água ou iodo-polividona com a finalidade de remover sujidade e reduzir flora transitória e residente para evitar infecção. Para que haja uma adequada esterilização no homem, deve-se fazer a retração do prepúcio. Em mulheres, deve-se afastar os grandes lábios com uma gaze de cada lado, com a mão não dominante e com a mão dominante faz-se a antissepsia. Em seguida coloca-se o campo fenestrado, depois afasta-se novamente os grandes lábios para visualizar o meato urinário e a realiza-se a introdução do anestésico.

    4 – Anestesia

    Deve-se utilizar gel anestésico hidrossolúvel como lidocaína gel a 2% para diminuir dor e desconforto durante a realização do procedimento. No homem, orienta-se transferir 20 ml de lidocaína, e na mulher 5 ml com a  seringa de 20 ml na uretra. No homem deve-se colocar uma gaze na glande, circundando todo o pênis de modo que haja o impedimento do extravasamento do anestésico.

    5 – Introdução da sonda

    Para realizar a passagem da sonda na uretra masculina, deve-se formar uma curvatura no pênis de modo a facilitar o procedimento e reduzir traumas. Para isso deve-se segurar a glande do pênis por meio da gaze que o circunda, e tracioná-lo levemente em direção vertical. Durante a introdução, pode haver pequena resistência ao nível do esfincter, mas desaparece quando o paciente fica mais relaxado ou após leve pressão do cateter. Para insuflar o balão (sonda foley), não utilizar a mesma seringa que foi utilizada para anestesiar e de preferência utilizar água destilada (soro fisiológico pode cristalizar podendo causar traumatismo durante a retirada da sonda).

    Na sonda vesical de demora, testar previamente o balão. Para a introdução deve-se ter o cuidado de evitar que ela encoste nos genitais, para isso enrole-a na mão predominante e a introduza na uretra até o seu final. Caso a sonda não chegue até a bexiga, haverá insuflação intra-uretral causando traumatismos. A sonda foley possui balão em sua extremidade podem ter capacidade máxima de expansão em 5 ml, 15 ml, 30 ml ou 45 ml. Usualmente, a equipe de enfermagem utiliza volume de 5 ml. Deve ser testado antes do procedimento.

    Após a realização da introdução da sonda na uretra, deve-se aspirar o conteúdo anestésico de dentro da sonda por meio da seringa, para que a urina possa fluir livremente;

    Em seguida, deve-se remover o campo fenestrado e fechar o coletor de urina (Caso seja a sonda de demora);

    No caso da sonda foley, deve-se fixar a sonda sobre o abdome. Em homens, o pênis deve ser fixado também junto ao abdômen.

    6 – Retirada da sonda

    A retirada da sonda deve ser feita devagar e sem desconforto para o paciente. Para a retirada da sonda foley, deve-se esvaziar o balão com seringa.  Caso haja queixa de dor, há a possibilidade que ainda tenha líquido no balão.

    Se o líquido não sair com a aspiração, deve-se introduzir um guia de aço fino na via do balão (mandril de cateter uretral ou pode ser uma corda de violão) até o balão, para estourá-lo.

    Após a remoção do balão atente-se para que o balão esteja íntegro (pode ter ficado vestígios dentro da bexiga).

    Observações Importantes

    Deve-se utilizar a sonda foley  de número 16 ou 18 em adultos com retenção urinária ou 22 ou 24 em portadores de hematúria vesical.

    A sonda foley possui balão em sua extremidade com capacidade máxima de expansão em 5 ml, 15 ml, 30 ml ou 45 ml. Usualmente, a equipe de enfermagem utiliza volume de 5 ml. Deve ser testado antes do procedimento.

    As sondas de demora deverão ser trocadas a cada três semanas de modo a prevenir a formação de incrustação de cristais.

    É recomendando também, evitar a elevação do coletor acima do púbis para evitar o refluxo de urina.

    Nunca se deve clampear a sonda foley, pois as borrachas no tubo coletor poderão grudar diminuindo sua a luz e consequentemente, haverá dificuldade no esvaziamento da bexiga.


    Complicações

    A realização da sondagem vesical podem trazer algumas complicações tais como:

    • Traumatismo uretral podendo ser acompanhada de dor;
    • Instalação de infecção como a litíase urinária renal e vesical, uretrite, necrose peniana, prostatite, epidimite, divertículo uretral e periuroretrite;
    • Instalação de câncer de bexiga com repetidos traumatismos.

    Por isso se faz necessário realizar o procedimento observando a técnica correta.


    Referências Bibliográficas

    MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE GESTÃO DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE; DEPARTAMENTO DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE; PROJETO DE PROFISSIONALIZAÇÃO DOS TRABALHADORES DA ÁREA DE ENFERMAGEM. Fundamentos de Enfermagem, Brasília, 2003.

    ERCOLE, Flávia Falci Et Al. Revisão Integrativa: Evidências na Prática do Cateterismo Urinário Intermitente/demora. Revista Latino-Americana de Enfermagem, São Paulo, v.21, jan/fev. 2013. Disponível em <www.scielo.br>. Acesso em 21 de out. 2017.

    MAZZO, Alessandra Et Al. Cateterismo Urinário: Facilidades e Dificuladades Relacionadas á sua Padronização. Texto e Contexto Enfermagem, v. 20, n.2, abr/jun 2011. Disponível em <http://gruposdepesquisa.eerp.usp.br>. Acesso em 21 de out. de 2017.

    PASCHOAL, Mayara Renata Duarte; BOMFIM, Fernando Russo Costa. Infecção do Trato Urinário por Cateter Vesical de Demora. Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, Rio Claro, v. 16, n. 6, nov. 2012. . Disponível em <http://www.pgsskroton.com.br>. Acesso em 21 de out. de 2017.

Marcus Vinícius

Marcus Vinícius é um enfermeiro dedicado e apaixonado pela área da saúde mental. Ele nasceu e cresceu em Lagoa da Prata, uma cidade encantadora no coração de Minas Gerais, Brasil. Desde cedo, Marcus demonstrou interesse em ajudar os outros e escolheu seguir uma carreira que lhe permitisse fazer a diferença na vida das pessoas. Marcus concluiu sua formação em Enfermagem pela Universidade de Uberaba em 2010, onde adquiriu uma base sólida de conhecimentos e habilidades necessárias para atuar na área de saúde. Sua determinação e dedicação aos estudos o destacaram como um aluno exemplar, e ele se formou com excelência acadêmica. Logo após sua graduação, Marcus decidiu se especializar em Enfermagem Psiquiátrica, reconhecendo a importância do cuidado e tratamento das doenças mentais. Sua busca contínua por conhecimento e aprimoramento o levou a adquirir uma expertise significativa nesse campo em constante evolução. Desde 2011, Marcus Vinícius ocupa a posição de Supervisor do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em Lagoa da Prata. Nessa função crucial, ele não apenas exerce suas habilidades de enfermagem, mas também desempenha um papel fundamental na coordenação de uma equipe multidisciplinar composta por médicos psiquiatras, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais. Juntos, eles trabalham incansavelmente no tratamento de doenças mentais graves que afetam a população do município. Além de sua dedicação aos pacientes e à equipe do CAPS, Marcus também se destaca por sua presença online. Ele é o criador e proprietário do canal no YouTube "Enfermagem Esquematizada", onde compartilha seu conhecimento especializado de maneira clara e acessível. Seus vídeos informativos e educacionais têm ajudado inúmeros estudantes e profissionais da área de enfermagem a aprimorar suas habilidades e ampliar seus conhecimentos. Marcus Vinícius também é responsável pelos sites www.enfermagemesquematizada.com.br e www.abcdaenfermagem.com.br, que servem como plataformas abrangentes para recursos e informações valiosas na área de enfermagem. Essas iniciativas digitais demonstram seu compromisso em compartilhar conhecimento e promover o avanço da enfermagem como um todo. Com uma carreira repleta de realizações e um compromisso inabalável com a saúde mental, Marcus Vinícius continua a desempenhar um papel essencial na melhoria da qualidade de vida das pessoas em sua comunidade. Sua paixão pela enfermagem e sua dedicação inabalável aos cuidados com a saúde mental fazem dele um profissional exemplar e inspirador.

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