A administração de medicamentos por via retal é uma prática comum na área da saúde, realizada através do orifício anal, com o objetivo de aliviar sintomas, auxiliar no diagnóstico, tratar e prevenir doenças, além de estimular a defecação.
Esse procedimento é indicado para clientes com restrição por via oral, constipação intestinal, afecções no cólon distal, crises convulsivas, exames radiológicos ou endoscópios de cólon, bem como no perioperatório.
Neste artigo, discutiremos detalhadamente as atividades envolvidas na administração de medicamentos por via retal, os materiais necessários, os profissionais responsáveis e os cuidados a serem considerados.
Definição de Administração de Medicamentos por Via Retal
A administração de medicamentos por via retal refere-se à introdução de medicamentos na mucosa retal através do orifício anal.
Essa via de administração permite que os medicamentos sejam absorvidos diretamente pela corrente sanguínea, evitando o trato gastrointestinal e o metabolismo hepático de primeira passagem.
Objetivos da Administração de Medicamentos por Via Retal
A administração de medicamentos por via retal tem diversos objetivos, incluindo:
Aliviar sintomas: A administração retal pode proporcionar alívio rápido de sintomas como dor, febre, prurido anal e retenção de gases.
Auxiliar no diagnóstico: Alguns medicamentos administrados por via retal são utilizados para facilitar exames radiológicos ou endoscópicos de cólon, permitindo uma melhor visualização do órgão.
Tratar e prevenir doenças: Determinados medicamentos são administrados por via retal para tratar doenças específicas ou prevenir infecções localizadas no cólon distal.
Estimular a defecação: Em casos de constipação intestinal, a administração retal de medicamentos pode estimular o movimento intestinal e facilitar a evacuação.
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Indicações para Administração de Medicamentos por Via Retal
A administração de medicamentos por via retal é indicada nos seguintes casos:
Clientes com restrição por via oral e/ou vomitando: Quando o cliente não consegue ingerir medicamentos por via oral devido a náuseas, vômitos ou outras restrições, a via retal pode ser uma alternativa viável.
Clientes com constipação intestinal, febre, dor, prurido anal, retenção de gases e outros: A administração retal pode aliviar os sintomas e tratar a causa subjacente desses problemas.
Clientes com afecções no cólon distal: Determinadas doenças do cólon distal podem ser tratadas com medicamentos administrados diretamente na região afetada.
Clientes com crise convulsiva: Em alguns casos, a administração de medicamentos por via retal é utilizada para interromper crises convulsivas.
Clientes que se submeterão a exames radiológicos ou endoscópicos de cólon: Alguns medicamentos administrados por via retal auxiliam na preparação e realização desses exames, permitindo uma visualização mais clara do cólon.
Perioperatório: A administração retal pode ser realizada como parte do protocolo perioperatório, para garantir a absorção adequada de certos medicamentos durante o procedimento cirúrgico.
Profissionais Envolvidos e Materiais Utilizados
A administração de medicamentos por via retal é realizada pela equipe de enfermagem.
Os materiais utilizados incluem:
- Equipamentos de Proteção Individual (EPI): máscara cirúrgica, luvas de procedimento, óculos protetores e avental.
- Terapia medicamentosa prescrita.
- Cuba rim.
- Pacote de gaze.
- Gel lubrificante.
- Biombo.
- Impermeável recoberto com lençol ou fralda descartável, se necessário.
Procedimento de Administração de Medicamentos por Via Retal
A administração de medicamentos por via retal envolve as seguintes etapas:
1 – Explicar o procedimento ao cliente e/ou familiar, informando sobre a finalidade e os benefícios esperados.
2 – Higienizar as mãos antes de iniciar o procedimento.
3 – Reunir os materiais necessários, preparar a medicação e disponibilizá-la na mesinha de cabeceira do paciente.
4 – Colocar um biombo ao redor do leito para garantir a privacidade do cliente.
5 – Paramentar-se com os EPIs adequados para garantir a segurança do profissional de saúde e do cliente.
6 – Se necessário, colocar um impermeável recoberto com lençol sob a região das nádegas do cliente.
7 – Retirar a roupa íntima do cliente, se presente, e posicionar o cliente em decúbito lateral esquerdo, na posição de Sims.
8 – Abrir a embalagem do medicamento e preparar a forma farmacêutica específica (supositório, solução ou pomada com aplicador).
9 – Expor a região glútea do cliente, mantendo o restante do corpo coberto com um lençol.
10 – Aplicar gel lubrificante na extremidade distal da sonda, no dedo indicador da mão dominante do profissional ou no aplicador do medicamento.
11 – Expor o orifício anal, levantando a região glútea superior com a mão não dominante.
12 – Solicitar ao cliente que respire profundamente várias vezes pela boca, quando consciente e colaborativo.
13 – Aplicar a medicação conforme a forma farmacêutica utilizada:
Supositório: Introduzir o supositório no orifício anal do cliente com os dedos polegar e indicador da mão dominante, empurrando-o com o indicador ao longo da parede retal até passar pelo esfíncter interno do ânus.
Solução/pomada com aplicador: Introduzir a ponta do aplicador no orifício anal e avançá-lo em direção à cicatriz umbilical, até 4 cm. Pressionar o aplicador com os dedos polegar e indicador da mão dominante, injetando todo o medicamento. Em seguida, retirar o dispositivo de aplicação.
14 – Solicitar ao cliente que contraia o esfíncter anal para manter o medicamento no local pelo maior tempo possível.
15 – Colocar uma fralda descartável ou a roupa íntima no cliente, conforme necessário.
16 – Recolher os materiais utilizados durante o procedimento.
17 – Retirar os EPIs adequadamente e descartá-los conforme as diretrizes de biossegurança.
18 – Recompor a unidade do cliente, colocando-o em uma posição confortável.
19 – Dar destino adequado aos materiais utilizados, seguindo os protocolos de descarte apropriados.
20 – Realizar a higienização das mãos novamente para garantir a segurança e a prevenção de infecções.
21 – Verificar a prescrição médica para confirmar as informações do medicamento administrado, incluindo a dose, a via e o local de aplicação.
22 – Fazer as anotações de enfermagem, registrando a identificação do medicamento, sua apresentação, dose, via e local de aplicação, além de observar a presença de lesões, secreções e quaisquer ocorrências adversas locais ou sistêmicas. Também deve-se registrar as medidas tomadas durante o procedimento.
Pontos Importantes e Possíveis Riscos
É essencial ter atenção a alguns pontos importantes e riscos associados à administração de medicamentos por via retal:
Quais são as contraindicações da Via Retal?
A administração retal está contraindicada em casos de diarreia, lesões ou perfurações no reto, incapacidade de reter a medicação e em pacientes com arritmias cardíacas ou que sofreram infartos (devido à estimulação vagal).
Nestes casos, outras vias de administração devem ser consideradas.
O que fazer quando houver resistência ou desconforto?
Se houver resistência ou desconforto durante a introdução do supositório, não se deve forçar a entrada.
O procedimento deve ser interrompido e a equipe médica deve ser comunicada para avaliação e orientação adequadas.
Quais são os resultados esperados na administração de medicamentos por via retal?
Ao administrar medicamentos por via retal, espera-se obter uma resposta farmacológica adequada, resultando na melhora do quadro apresentado pelo cliente.
Os medicamentos administrados dessa maneira têm o potencial de aliviar sintomas, tratar doenças e proporcionar o bem-estar do paciente.
Conclusão
A administração de medicamentos por via retal é uma prática comum na área da saúde, utilizada para aliviar sintomas, tratar doenças, auxiliar em exames e estimular a defecação.
É um procedimento realizado pela equipe de enfermagem, seguindo cuidados e protocolos específicos.
Ao realizar essa via de administração, é fundamental seguir as indicações, estar atento a possíveis contraindicações, garantir a segurança do cliente e registrar todas as informações pertinentes no prontuário do paciente.
A administração de medicamentos por via retal pode ser uma opção eficaz quando outras vias de administração não são viáveis ou estão contraindicadas, contribuindo para a melhora da qualidade de vida dos pacientes.
